De estrutura metálica sem uso a instrumento para impulsionar a inovação no ES
Esta é daquelas histórias gostosas de se contar, porque foi vivida e tem final feliz. Quem passa pela Reta da Penha, em Vitória, inevitavelmente olha para a estrutura metálica que mais parece uma nave espacial em cima do Edifício Findes. Abaixo dela, está escrito: Findeslab. Muitos ainda imaginam que seja um restaurante giratório. Felizmente, não é. O que acontece ali? O Findeslab, um ambiente que virou referência no país de como fazer inovação de verdade. É a improvável história de uma estrutura metálica que enferrujava e passou a ser o local em que se desenvolvem centenas de projetos, abrangendo grandes empresas, startups, pesquisadores, alunos, professores, empresários.
Para concluir a obra paralisada havia anos, eram necessários mais R$ 7 milhões; para desmanchá-la, o custo ficava em R$ 4,5 milhões. Mas, em 2016, foi iniciado um movimento de empresários da indústria que visava a dar maior protagonismo à Findes no tema inovação. Uma visão estratégica e ousada definiu o programa Inovic – Inovação na Indústria Capixaba, com as bases para fortalecer o ecossistema capixaba.
Tive a honra de coordenar esse programa, como vice-presidente da Findes (2017/2020). O Inovic propôs organizar os atores e motivou o surgimento da MCI – Mobilização Capixaba para Inovação. Em parceria com o Governo Estadual, surgiu o Funcitec/ MCI, garantindo aporte de recursos. E uma ação das mais importantes foi criar o locus para desenvolver projetos. O nome inicial N.A.V.I – Núcleo de Apoio e Viabilização da Inovação, em uma referência ao aspecto da estrutura metálica – não vingou. A estrutura foi então batizada de Findeslab.
Trouxemos para o ES dois temas, até então, pouco conhecidos: hub e inovação aberta. Em setembro de 2019, com atuação de muitos, foi inaugurado o Findeslab, para ser um conector (hub) de quem tem a “dor” (necessidade ou desafio) com quem tem propostas de soluções (startups, pesquisadores, fornecedores), a chamada inovação aberta.
O que o torna tão especial são os resultados. Em três anos, mais de 1.500 oportunidades de inovação envolvendo mais de 300 empresas e 5.500 visitas; 115 projetos desenvolvidos, captando mais de R$ 31 milhões de recursos. ArcelorMittal, Vale, Unimed, Fortlev, Shell, EDP, Suzano, Banestes e Samarco, entre outras, lançaram 68 desafios de soluções, recebendo 711 propostas de startups de 18 estados. Além disso, o Findeslab acaba de receber a certificação Cerne para ambientes de inovação, sendo o pioneiro do Estado nessa conquista.
A quem pergunta “e quanto custou?”, respondo: R$ 10 milhões. Valeu a pena? Faça as contas: mais de R$ 30 milhões captados a projetos, centenas de startups conectadas a grandes empresas que passaram a atuar mais no ES no tema inovação e muita gente capacitada.
O que está por trás do Findeslab? Seu drive. Não bastam uma sala com sofá colorido, um coworking, lives e eventos. Tem que ser desenhada a linha de atuação, da necessidade à solução, empregando métodos e gente talentosa. O drive consiste em: desafios aos quais são apresentadas ideias, que viram projetos, que levam a protótipos, que são validados e viram inovação. Sem isso, é só oba-oba, com pouco resultado.
Felizmente, no ES, temos uma nova era. A MCI cumpre seu papel de alinhar instituições, empresas, academia e Governo. Muitos investimentos públicos e privados a um crescente número de projetos. Estamos ganhando maturidade, ambientes de inovação e startups, já com sucesso. Nesse novo rumo, o Findeslab é referência para muitos outros hubs que foram criados. Exemplo de como se faz inovação de verdade.

Pós-doutorado em Indústria 4.0 pelo Instituto Fraunhofer IPK, da Alemanha. Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade de São Paulo – USP. Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade de São Paulo – USP. Pós-graduação em Engenharia da Qualidade pela UFES e graduação em Engenharia Mecânica pela UFES. Especialização em Gestão de Organizações Inovadoras pelo MIT – Massachusetts Institute of Technology (EUA). Tem experiência na área de Engenharia de Produção, com ênfase em Gestão e Controle da Qualidade, Sistemas de Gestão da Qualidade (Norma ISO 9001), Gestão Estratégica, Organização Industrial, Gestão de Processos, Gestão de Projetos, Inovação Tecnológica, Desenvolvimento de Produtos, Gestão da Informação, Transformação Digital e Indústria 4.0.