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Inovação,

Open finance e o fim dos aplicativos de banco no Brasil

FONTE: FOLHA VITÓRIA

No centro da inovação financeira contemporânea, o open finance está reformulando o modo de como os usuários interagem com as finanças. 

Como uma progressão do open banking, esse sistema inovador permite a partilha segura e eficiente de informações financeiras, sob a aprovação do cliente, entre instituições financeiras e terceiros autorizados.

Para consumidores e empresas, isso representa uma nova fronteira de poder sobre seus dados bancários, seguros e financeiros. 

Com o open finance, há a promessa de acesso a um leque mais vasto de serviços financeiros customizados, que promovem uma competição saudável e fomentam a inovação no setor.

Em um contexto brasileiro, o open finance ganha relevância após Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, anunciar que o open finance poderá eliminar a necessidade de múltiplos aplicativos de bancos, sugerindo a criação de um aplicativo agregador único que permitirá o acesso a todas as contas bancárias.

Esta mudança vem ao encontro da rápida aceitação do open finance pelo público brasileiro, com milhões aderindo ao sistema antes mesmo de colherem todos os seus benefícios. 

O Banco Central não só reconhece o sucesso do sistema, mas também planeja expandi-lo para incluir serviços como seguros, ampliando ainda mais seu alcance e impacto.

O Pix, modo de transferência monetária instantâneo e de pagamento eletrônico instantâneo, oferecido pelo Banco Central do Brasil a pessoas físicas e jurídicas, é um exemplo de como o open finance pode se traduzir em aceitação e uso massivos. 

Com o Pix, os pagamentos são realizados em tempo real, o que elimina a espera associada a métodos tradicionais como a Transferência Eletrônica Disponível (TED) e o Documento de Ordem de Crédito (DOC). 

E o futuro promete ser ainda mais integrado, com planos para que o Pix se conecte ao Drex, moeda digital do Banco Central do Brasil, ampliando o escopo de funcionalidades programáveis e conveniências para os usuários.

O Banco Central do Brasil está comprometido em continuar sua trajetória de inovação.

A agenda tecnológica planejada vai além do que já foi implementado, com estruturas que visam uma intermediação financeira mais avançada e integrada, preparando o terreno para um futuro em que os serviços financeiros são tão personalizados e acessíveis quanto qualquer outra experiência digital personalizada.

Portanto, o open finance se apresenta como mais do que uma tendência: é um componente essencial do futuro financeiro, prometendo um ecossistema mais transparente, personalizado e inclusivo para todos.

Daniel Arrais, diretor da ACT!ON, empreendedor na área de TI, investidor anjo e membro do Comitê Qualificado de Conteúdo em Inovação e Tecnologia do IBEF-ES.

Inovação,

 A N.A.V.I. ESTÁ VOANDO! 

De estrutura metálica sem uso a instrumento para impulsionar a inovação no ES 

Esta é daquelas histórias gostosas de se contar, porque foi vivida e tem final feliz. Quem passa pela Reta da Penha, em Vitória, inevitavelmente olha para a estrutura metálica que mais parece uma nave espacial em cima do Edifício Findes. Abaixo dela, está escrito: Findeslab. Muitos ainda imaginam que seja um restaurante giratório. Felizmente, não é. O que acontece ali? O Findeslab, um ambiente que virou referência no país de como fazer inovação de verdade. É a improvável história de uma estrutura metálica que enferrujava e passou a ser o local em que se desenvolvem centenas de projetos, abrangendo grandes empresas, startups, pesquisadores, alunos, professores, empresários. 

Para concluir a obra paralisada havia anos, eram necessários mais R$ 7 milhões; para desmanchá-la, o custo ficava em R$ 4,5 milhões. Mas, em 2016, foi iniciado um movimento de empresários da indústria que visava a dar maior protagonismo à Findes no tema inovação. Uma visão estratégica e ousada definiu o programa Inovic – Inovação na Indústria Capixaba, com as bases para fortalecer o ecossistema capixaba. 

Tive a honra de coordenar esse programa, como vice-presidente da Findes (2017/2020). O Inovic propôs organizar os atores e motivou o surgimento da MCI – Mobilização Capixaba para Inovação. Em parceria com o Governo Estadual, surgiu o Funcitec/ MCI, garantindo aporte de recursos. E uma ação das mais importantes foi criar o locus para desenvolver projetos. O nome inicial N.A.V.I – Núcleo de Apoio e Viabilização da Inovação, em uma referência ao aspecto da estrutura metálica – não vingou. A estrutura foi então batizada de Findeslab. 

Trouxemos para o ES dois temas, até então, pouco conhecidos: hub e inovação aberta. Em setembro de 2019, com atuação de muitos, foi inaugurado o Findeslab, para ser um conector (hub) de quem tem a “dor” (necessidade ou desafio) com quem tem propostas de soluções (startups, pesquisadores, fornecedores), a chamada inovação aberta. 

O que o torna tão especial são os resultados. Em três anos, mais de 1.500 oportunidades de inovação envolvendo mais de 300 empresas e 5.500 visitas; 115 projetos desenvolvidos, captando mais de R$ 31 milhões de recursos. ArcelorMittal, Vale, Unimed, Fortlev, Shell, EDP, Suzano, Banestes e Samarco, entre outras, lançaram 68 desafios de soluções, recebendo 711 propostas de startups de 18 estados. Além disso, o Findeslab acaba de receber a certificação Cerne para ambientes de inovação, sendo o pioneiro do Estado nessa conquista. 

A quem pergunta “e quanto custou?”, respondo: R$ 10 milhões. Valeu a pena? Faça as contas: mais de R$ 30 milhões captados a projetos, centenas de startups conectadas a grandes empresas que passaram a atuar mais no ES no tema inovação e muita gente capacitada. 

O que está por trás do Findeslab? Seu drive. Não bastam uma sala com sofá colorido, um coworking, lives e eventos. Tem que ser desenhada a linha de atuação, da necessidade à solução, empregando métodos e gente talentosa. O drive consiste em: desafios aos quais são apresentadas ideias, que viram projetos, que levam a protótipos, que são validados e viram inovação. Sem isso, é só oba-oba, com pouco resultado. 

Felizmente, no ES, temos uma nova era. A MCI cumpre seu papel de alinhar instituições, empresas, academia e Governo. Muitos investimentos públicos e privados a um crescente número de projetos. Estamos ganhando maturidade, ambientes de inovação e startups, já com sucesso. Nesse novo rumo, o Findeslab é referência para muitos outros hubs que foram criados. Exemplo de como se faz inovação de verdade. 


Luciano Raizer – Diretor da ACT!ON

Pós-doutorado em Indústria 4.0 pelo Instituto Fraunhofer IPK, da Alemanha. Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade de São Paulo – USP. Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade de São Paulo – USP. Pós-graduação em Engenharia da Qualidade pela UFES e graduação em Engenharia Mecânica pela UFES. Especialização em Gestão de Organizações Inovadoras pelo MIT – Massachusetts Institute of Technology (EUA). Tem experiência na área de Engenharia de Produção, com ênfase em Gestão e Controle da Qualidade, Sistemas de Gestão da Qualidade (Norma ISO 9001), Gestão Estratégica, Organização Industrial, Gestão de Processos, Gestão de Projetos, Inovação Tecnológica, Desenvolvimento de Produtos, Gestão da Informação, Transformação Digital e Indústria 4.0.

Processo de Software,

Como você toma decisões no seu processo de desenvolvimento de software?

Você já pensou quantas vezes tomou decisões ao longo do processo de desenvolvimento de software? 

Já pensou quantas pessoas tomam decisões em diferentes níveis durante a execução do processo? Gestores de Projeto, decidem para assegurar que o projeto não ultrapasse o escopo, tempo e recursos; Arquitetos de Software decidem para que os requisitos funcionais e não funcionais estejam presentes na arquitetura proposta; Desenvolvedores decidem para que o código desenvolvido materialize os requisitos funcionais e não funcionais e os critérios de qualidade, previamente definidos.

Observe que tomar decisões ao longo do processo é algo natural e ocorre em diferentes níveis do projeto, por pessoas diferentes, causando diferentes impactos. Aí vem a pergunta: Como você toma as suas decisões?

Elas são mais embasadas em informações, na sua experiência ou no seu feeling?

Para exemplificar, vamos utilizar aquela pergunta clássica que todos os clientes fazem:

“Em quanto tempo você entrega a funcionalidade X?”

Para responder, o desenvolvedor ou gestor de projetos pode usar os dados históricos do projeto ou de uma base de conhecimento da empresa como, por exemplo, ponto de função ou ponto de história de usuários de funcionalidades parecidas com o que se quer produzir.

Repare que você precisa de uma base histórica simples, pode ser até uma planilha, para embasar a sua decisão. Dessa forma, você tem uma base para decidir em vez de um simples “achometrô”.

As informações necessárias para a tomada de decisão podem vir de diferentes fontes e devem ser providas pelo seu processo nos pontos chaves. Além das informações técnicas como requisitos e restrições do projeto, ao decidir aspectos relevantes, é fundamental ter à disposição informações como o feedback dos clientes, tipos de bugs mais comuns, tendências de mercado e tecnológicas, satisfação dos colaboradores, entre outras.

Você utiliza em seu processo algum indicador, métrica ou outro item de conhecimento que lhe dá suporte para a tomada de decisão ou usa apenas sua experiência e feeling?

Ou um pouco de cada? 


Paulo Sérgio

Professor do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), participante do Leds e atualmente doutorando em Ciência da Computação, no Nemo, com foco em Ontologia, Integração de dados e métodos ágies. Além disso, se arrisca na cerveja artesanal e no surfe, é comandado por 4 cachorros.

Fabiano Ruy

Doutor em Ciência da Computação com pesquisa voltada a Engenharia de Software e Modelagem Conceitual. É professor do IFES campus Serra, atuando no Bacharelado em Sistemas de Informação e no Mestrado em Computação Aplicada. Membro do LEDS, com foco em projetos de inovação.

Processo de Software,

O que você considera importante em um processo de software?

No último post, perguntamos sobre a definição do seu processo de software. Então, como você o definiu?

O seu processo contempla todas as atividades de produção? Está atualizado, de acordo com a realidade da organização? É factível, os colaboradores o seguem? Considera dimensões importantes do negócio?

Muitas organizações entendem que o processo de desenvolvimento de software envolve apenas atividades ligadas ao desenvolvimento em si (e.g., Análise, Projeto, Desenvolvimento, Testes, Implantação) e esquecem de outras dimensões que dão suporte ao processo de software e que garantem a qualidade do produto, projeto, o bem-estar e a evolução das pessoas presentes diretamente ou indiretamente no projeto. Exemplos dessas dimensões são as de Gestão de Conhecimento, Gestão da Qualidade, bem como atividades que avaliam se o projeto está alinhado com os objetivos do negócio e até mesmo avaliação e evolução das competências dos membros das equipes de desenvolvimento.

É importante observar que, independentemente da abordagem de desenvolvimento de software (Agile ou Plan-Driven/Document-Centric), é possível aplicar e adaptar essas dimensões buscando melhorar a qualidade do produto, reduzir o retrabalho ou outro benefício particular para a organização. Por exemplo, boas práticas de gestão de conhecimento aplicadas ao desenvolvimento de um produto podem ajudar, no futuro, uma equipe de manutenção na evolução do sistema ou correção de bugs, ou até mesmo ensinar um novo membro da equipe sobre os conceitos e regras do projeto. Um processo de medição da qualidade pode identificar pontos de melhoria nos artefatos do projeto ou uma necessidade de capacitação dos membros da equipe nas tecnologias, métodos e ferramentas adotadas pela organização. Veja que tais práticas estão ligadas a uma cultura de médio a longo prazo da organização e não somente a um projeto ou produto específico.

O desafio da organização é combinar de modo fluido as boas práticas presentes em cada dimensão, de forma a trazer benefícios a todos os envolvidos, sem onerá-los (ninguém quer adotar uma prática que não contribua para o desenvolvimento do projeto ou produto). Claro que essas dimensões podem ser combinadas, adaptadas para a realidade do projeto, produto ou até mesmo da equipe. Afinal, dependendo das características do projeto (e.g., escopo, tempo, regras de contrato e recursos) podemos aplicar, por exemplo, mais atividades de testes automatizados ou de gestão de qualidade de código, por motivos contratuais.

Assim, vale perguntar: Quais dimensões estão presentes no seu processo de software? Quais delas agregam mais valor ao seu produto e à organização? Como você as prioriza em seu processo de software para ter sucesso nos projetos?


Paulo Sérgio

Professor do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), participante do Leds e atualmente doutorando em Ciência da Computação, no Nemo, com foco em Ontologia, Integração de dados e métodos ágies. Além disso, se arrisca na cerveja artesanal e no surfe, é comandado por 4 cachorros.

Fabiano Ruy

Doutor em Ciência da Computação com pesquisa voltada a Engenharia de Software e Modelagem Conceitual. É professor do IFES campus Serra, atuando no Bacharelado em Sistemas de Informação e no Mestrado em Computação Aplicada. Membro do LEDS, com foco em projetos de inovação.

Processo de Software,

Como você definiu o processo de software para os seus projetos?

Processos de software organizam o conjunto de atividades realizadas em um projeto na produção artefatos que compõem um produto de software. Atualmente, podemos dividir os processos de desenvolvimento de software em duas abordagens: Processos Tradicionais (Plan-Driven ou Document-centric) e MétodosÁgeis.

Os processos de desenvolvimento do tipo Tradicional  (e.g., Cascata, Incremental e RUP) têm como característica resolver problemas que necessitem de requisitos e planejamento mais detalhados antes de iniciar as atividades desenvolvimento. Esses se destacam por terem atividades, papéis e artefatos bem definidos e, assim, são mais fáceis de entender e aplicar. O Cascata, por exemplo, possui atividades bem estabelecidas para levantamento de requisitos, desenvolvimento e testes; no entanto, é pouco flexível para mudanças, o que pode trazer problemas em projetos mais dinâmicos.

Por outro lado, os métodos Ágeis (e.g., Scrum, Less e Safe) têm como foco resolver problemas construindo uma solução que evolua no mesmo tempo em que se aprende sobre o problema. Atualmente, os métodos ágeis vêm ganhando espaço tanto na Industria quanto na Academia por serem mais flexíveis e adaptativos do que os processos tradicionais. Por exemplo, o Scrum permite entregar soluções que atendam às necessidades do cliente em um período mais curto. No entanto, precisa que os envolvidos no projeto (Cliente e Equipe de desenvolvimento) sejam bem capacitados no método, presentes no projeto e auto-organizados. Mas, atualmente, conseguir essas características em uma equipe é um desafio para algumas empresas.

Tendo isso em mente, como você definiu o processo de desenvolvimento em sua empresa? O que você levou em consideração? O problema a ser resolvido? Os perfis técnicos dos seus colaboradores? Os contratos com os clientes? Os textos dos blogs que descrevem o estilo “Google” de fazer alguma coisa?

Saber responder às perguntas acima é um dos primeiros passos para definir o processo de software de sua empresa ou do seu time de desenvolvimento. Não é necessário que o seu processo de software seja 100% Ágil ou 100% Tradicional, afinal isso não é time de futebol, em que é necessário escolher um lado para torcer.

A organização pode definir um processo de software que utilize partes boas das duas abordagens. O que é necessário entender é quais são as boas práticas (Ágeis ou Tradicionais) que a sua equipe consegue aplicar de forma mais natural e segura, que permitam entregar a solução para o cliente de maneira satisfatória, ou seja, atendendo ao que foi solicitado dentro do prazo, orçamento e sem stress.

Logo, vale perguntar novamente:  Como você definiu o processo de software para os seus projetos?

Paulo Sérgio

Professor do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), participante do Leds e atualmente doutorando em Ciência da Computação, no Nemo, com foco em Ontologia, Integração de dados e métodos ágies. Além disso, se arrisca na cerveja artesanal e no surfe, é comandado por 4 cachorros.

Fabiano Ruy

Doutor em Ciência da Computação com pesquisa voltada a Engenharia de Software e Modelagem Conceitual. É professor do IFES campus Serra, atuando no Bacharelado em Sistemas de Informação e no Mestrado em Computação Aplicada. Membro do LEDS, com foco em projetos de inovação.

Processo de Software,

O que a LGPD impacta nos pequenos negócios

A Lei nº 13.709, também conhecida como Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), que entra oficialmente hoje, dia 18/09/2020, altera o Marco Civil da Internet para estabelecer diretrizes importantes e obrigatórias para a coleta, processamento e armazenamento de dados pessoais.

A legislação brasileira é inspirada na General Data Protection Regulation (GDPR), que regula o assunto na União Europeia. Com ela, o Brasil entra no rol dos 120 países com legislação específica para a proteção de dados.

Diferente da GDPR, a LGPD não prevê tratamento diferenciado para pequenas empresas. Por conta disso, as MPE precisam estar atentas, uma vez que as punições para quem descumprir a nova norma podem chegar a até 5% do seu faturamento.

Neste artigo, não iremos explorar as questões legais ou punições, mas no que na prática, altera e impacta na vida das MPE’s.

Mesmo porque, hoje são 03 Leis que se completam:

  1. LAI – Lei de Acesso a Informação
  2. ANPD – Autoridade Nacional de Proteção de Dados
  3. LGPD

Porém devemos estar atentos, porque em nossa Constituição, exige-se um tratamento diferenciado para as MPE, no tocante a aplicação de legislações, que impactem em seu funcionamento.

Sendo assim, entendemos que precisamos estar atentos a alguns princípios do que a lei trata:

  1.  FINALIDADE, ou seja, o tratamento do dado precisa ter propósitos legítimos, específicos e explícitos. Essa finalidade deve ser informada ao titular do dado;
  • NECESSIDADE, ou seja, a limitação do tratamento ao mínimo necessário para a sua finalidade; e a segurança, que consiste na adoção de medidas para proteger os dados de acessos não autorizados e situações acidentais ou ilícitas”,
  • SEGURANÇA , que consiste na adoção de medidas para proteger os dados de acessos não autorizados e situações acidentais ou ilícitas.

Observações Importantes:

       1 – Ressaltar que a LGPD é aplicável ao tratamento de dados on-line e off-line, exceto dados anonimizados, ou seja, aqueles que não são facilmente identificados.

      2 – Também é importante lembrar que a empresa que trata os dados precisa ter o consentimento prévio do titular através de uma manifestação clara, informativa e inequívoca.

     3 – Além do consentimento, o empreendedor deve atentar aos seguintes tópicos:

        a)  Realizar todos os atos necessários para manter a segurança e prevenir quaisquer incidentes com os dados tratados;

        b)  Utilizar os dados somente com a finalidade específica para a qual foram coletados e consentidos;

        c)  Atuar com transparência perante os titulares dos dados;

        d)  Deixar clara a responsabilidade que tem, sempre cumprindo as normas de proteção dos dados pessoais, por meio da prestação de contas.

4 – Além disso, dados sensíveis, como os ligados a origem racial ou étnica, convicção religiosa ou de saúde, por exemplo, precisam de um tratamento especial. “Eles não podem ser misturados com os dados pessoais gerais e nem devem ser armazenados da mesma forma.

      5 – Afeta o cotidiano das empresas, sobre os dados pessoais que o negócio coleta dos clientes.

O que são dados pessoais?

                    Dados pessoais, em resumo, são quaisquer rastros que um indivíduo deixa, e que, juntos, formam informações sobre ele. Eles podem se originar de um histórico de buscas de navegação, de uma compra feita, ou de um registro de consulta médica, por exemplo.

E no cenário de mundo contemporâneo, com boa parte da vida humana concentrada na internet, cada indivíduo forma, como resultado de suas atividades, um denso banco de dados com informações complexas a respeito da sua identidade, personalidade e características. 

O QUE DEVEMOS TER ATENÇÃO:

A LGPD, em uma forma esquemática, descreve dez princípios relativos ao tratamento dos dados, na internet:

  1. Da finalidade: a obtenção dos dados deve ter um fim específico.
  • Da adequação: tais fins deverão estar relacionados com o propósito da empresa.
  • Da necessidade: o mínimo possível dos dados deve ser coletado.
  • Do livre acesso: o usuário deverá ter a possibilidade de acessar os dados que cada empresa tem dele.
  • Da qualidade: os dados devem ser recorrentemente atualizados, com informações recentes.
  • Da transparência: a empresa deve tratar o usuário com clareza.
  • Da segurança: devem ser tomadas as medidas necessárias para a proteção dos dados obtidos.
  • Da prevenção: devem ser utilizados meios para prevenir qualquer eventual vazamento de dados.
  • Da não discriminação: a empresa não pode discriminar os usuários pelos seus dados.
  1. Da responsabilização: a empresa deve se responsabilizar pelo tratamento dos dados.

Observação:

O uso de um simples site, que capta dados do cliente como forma de prospecção, ou de envio de material, ou para contato posterior, já se aplica nestes 10  princípios.   

Então como a LGPD afetará a MPE ?

Em resumo, a LGPD exige que quaisquer empresas que utilizam dados se alinhem com o que ela prevê. No dia a dia, inúmeros pontos que eram relevados deverão ser alvos de cuidado e observação, tais como:

  1. Reformulação de políticas de privacidade e termos de uso.
  • Explicitação ao usuário de que os dados serão armazenados, e que eles possuem um fim devido. 
  • Reestruturação dos métodos usados para a segurança virtual e a segurança dos dados armazenados.
  • Solicitação de consentimento dos usuários para a manutenção dos dados pré-registrados.

Dessa forma, é necessário que a empresa reveja completamente o seu fluxo de dados e a forma como eles são utilizados, para que não haja nenhum impasse judicial.

  • Relacionamento trabalhista: Os cuidados com os dados de sua equipe, dados pessoais, de familiares, a respeito de Vale transporte, Plano de saúde, assim como, a preservação dos dados dos clientes pela sua equipe.

Podemos enumerar outros impactos:

  1. Perda de clientes; pela desconfiança e perda de credibilidade;
  2. Aumento de custos operacionais;
  3. Contratação de um DPO – Encarregado de Dados para sua empresa  
  4. Pagamento de multas
  5. Suspensão de atividades

Finalizando, entendemos que as MPE’s sofrerão um grande impacto no relacionamento com seus clientes, muito maior que seus custos. Pois devido à proximidade e simplicidade de seus processos de atendimento e venda, estes sofrerão abalos e uma perda de entregas.   Mas no Brasil, ser um empreendedor de MPE, é conviver com desafios constantes. Mas também é ser um Forte e destemido brasileiro.

Daniel Arrais – Diretor de eventos da ACT!ON

Indústria 4.4,

Uma nova Indústria

Conectada, integrada e inteligente – Essa é a Indústria 4.0

Você certamente já ouviu falar que estamos vivendo uma revolução, a chamada 4ª Revolução Industrial. Também já deve ter ouvido que tecnologias como Inteligência Artificial e Internet das Coisas estão mudando o mundo. Mas talvez tenha dúvidas sobre o que exatamente é e quais os impactos disso na sua vida e, se você for um empresário, no seu negócio. Bem, vamos entender de forma mais simples. De fato, nunca antes passamos por momento tão intenso nas mudanças tecnológicas quanto agora e isso é fruto de duas situações: a intensa geração de conhecimento e a Internet. Se você analisar, o smartphone surgiu há dez anos apenas e permitiu o acesso a muitos aplicativos que facilitaram a nossa vida. O que possibilitou tudo isso foi a Internet e a enorme conexão que passou a existir entre pessoas, empresas e “coisas”. Esse fenômeno é chamado de transformação digital, com a aplicação de tecnologias modernas em muitas situações que antes nem imaginávamos. Basta perceber a maneira em que você pede comida, se locomove, faz compras, se hospeda, se diverte, entre tantas outras situações do dia a dia, que passaram a ser feitas com o uso de alguma tecnologia digital.

Mas porque 4ª revolução? Porque já foram identificadas na História outras três situações que trouxeram grande impacto ao mundo e, por isso, foram chamadas de revoluções. Não foram guerras ou revoltas, mas mudanças profundas. A primeira ocorreu, na Inglaterra, no final do século XVII (lá pelos idos 1760), com o uso de máquinas para a produção de bens, fazendo surgir as primeiras fábricas. Isso trouxe mecanização para a produção e aumento da produtividade com a redução do custo de itens como roupas, sapatos e outros que passaram a ser acessíveis. A 2ª revolução ocorreu no início do século XX, quando Henry Ford passou a fabricar carros (o famoso Ford “T”) usando linha de montagem, e fez surgir a produção em massa. Houve um grande aumento da produtividade, por exemplo, a montagem do Ford T passou de 12 h para 1,5 h. A dinâmica produtiva baixou o custo e tornou o automóvel acessível. A 3ª revolução ocorreu na década de 1970 com a automação dos processos industriais e o consequente aumento da produtividade. A 4ª revolução é fruto da transformação digital do mundo que estamos vivenciando, fazendo surgir as cidades inteligentes, as casas inteligentes, carros inteligentes, e a partir dai, tudo passará a ser mais inteligente pelo uso de tecnologias modernas.

E a Indústria 4.0? Bem, de forma simples, representa a transformação digital das fábricas, com o surgimento das “fábricas inteligentes”. Se estamos vivendo uma era de muitas inovações e mudanças, não seria diferente nas indústrias. As fábricas já vêm sendo dotadas de robôs industriais, automação e processos, máquinas com comando numérico, as chamadas de “tecnologias embarcadas”, gerenciadas por softwares integrados, que são os ERP’s. A evolução foi dotar as fábricas dos “Sistemas Ciberfísicos” em que o mundo real das máquinas e produtos interage de forma autônoma com o mundo virtual dos softwares. São os Sistemas Ciberfísicos que mudam tudo nas fábricas, promovendo a integração entre máquinas, produtos, pessoas e sistemas (chamada de Integração Vertical) e também integração da fábrica com seus fornecedores e clientes (chamada de Integração Horizontal).

Isso possibilita que os clientes possam fazer os pedidos por plataformas digitais, que interagem com os ERP’s, e esses com os fornecedores. Então, as máquinas estão integradas com sistemas inteligentes e com produtos inteligentes que atuam de forma autônoma, obtendo resultados otimizados. Essa integração, além de aumentar a produtividade, permitirá outra vantagem: a flexibilidade da produção, em que o cliente poderá definir as especificações dos produtos. A Indústria 4.0 consolidará a chamada customização em massa, que significa produzir produtos que atendam a cada cliente, mas com o custo da produção em grande volume. Isso será possível com a transformação digital das fábricas, com o uso de Inteligência Artificial, Robótica Inteligente, a Internet Industrial das Coisas, entre outras tecnologias avançadas. É o conhecimento avançado e a Internet mudando as fábricas.

Os impactos disso começam a ser sentidos. Na Alemanha, onde surgiu esse conceito a partir de 2011, atualmente apenas 5% das empresas podem ser considerada Indústria 4.0. Parece pouco, mas são essas empresas que estão gerando as tecnologias modernas que serão usadas mundo afora para produção de bens de consumo. Já existe fábrica de calçado que “imprime” o tênis de cada pessoa com o tamanho e formato do pé e com as cores e design escolhidos em uma plataforma digital. Muitos estudos, como o feito pela McKinsey, apontam que, com a Indústria 4.0, haverá significativos ganhos, como aumento da produtividade em até 50%, redução do custo de manutenção em até 40%, redução do tempo para mercado em até 50%, aumento da previsibilidade para 85%, entre outros indicadores de produtividade. Além disso, estimam o aumento de um ponto percentual no PIB da Alemanha e o aumento do nível de empregos em 6%. Isso mesmo, na Alemanha estima-se que haverá aumento líquido de emprego de pelo menos 390 mil novos postos de trabalho.

E na sua empresa, qual será o impacto? Bem, não tenho bola de cristal e é difícil prever quando o seu negócio começará a ser impactado. Mas é certo, será impactado por ser uma mudança sem volta. O que sei é que ainda dá tempo de se preparar, e para isso, é preciso conhecer as tecnologias habilitadoras da Indústria 4.0 e, em especial, modelos de negócio que possam fazer uso dessas tecnologias e proporcionar ganho de competitividade a sua empresa. Mas o tempo passa e, certamente, o percentual de Indústria 4.0 na Alemanha está aumentando. Você tem a oportunidade de fazer parte dessa revolução, ou se lamentar das consequências ou oportunidades perdidas. A Indústria 4.0 é, de fato, a nova indústria, a 4ª Revolução Industrial, que é muito mais estratégia que tecnologia. Uma escolha de pessoas, empresas e nações.

Luciano Raizer Moura

Professor Doutor do Departamento de Tecnologia Industrial da Ufes, Pós doutorado em Indústria 4.0 no Instituto Fraunhofer da Alemanha